quarta-feira, 3 de maio de 2017

A farra dos números


Estou longe, mas bem longe mesmo, de ser uma pessoa conservadora. Ao contrário, sou adepto às inovações, novidades e tendências. Mas uma das coisas que me incomoda muito é a bagunça na numeração das camisas do futebol brasileiro.
Não sei exatamente quando e nem por que concederam aos próprios atletas a escolha dos números. Só sei que a partir daí é que os absurdos começaram a aparecer.
Segundo reportagem do Blog da Redação do UOL, as razões são as mais toscas. Como a do argentino Jonathan Calleri, que no São Paulo jogava com a 12, em homenagem à torcida “La 12”, do seu ex-clube, o Boca Juniors. Ou de Gabriel Jesus, que vestia a 33 no Palmeiras em alusão à idade de quem? De Jesus, é claro. Já Kleber Gladiador, que costumava sempre jogar com a 30 (não se sabe porque), quando chegou ao Coritiba, pediu a camisa 52, idade de sua mãe, na época (pasme!). Agora veste a 83, ano de seu nascimento. 

E por aí vai.
É a placa do meu carro. E daí?

Lembro do Kleber Pereira, “senhor” centroavante que passou pelo Santos e que, em vez de jogar com a 9 que já foi de Arnaldo Silveira, Feitiço, Coutinho, Toninho Guerreiro, Serginho Chulapa, Juary, entre outros grandes, usava a 23, em homenagem a Michael Jordan, o que acontece também com Bolaños, no Grêmio, e Seijas, no Internacional.
Por isso, acho que as comemorativas para um único jogo ainda passam. Mas preferências pessoais que não fazem nenhum sentido para o clube deveriam ser repensadas. Ainda bem que torneios internacionais impedem tal falta de ordem.

Que saudade do 1 ao 11.



Ficam os aneis


“O Santos entrou na justiça com a gente. São detalhes que ninguém sabe. É complicado. As pessoas só sabem da história por fora. Não tenho obrigação nenhuma de dar parabéns ao Santos. Não sou obrigado a fazer o que todos querem.”
Uma pena a atitude de Neymar. Não saber distinguir a instituição Santos Futebol Clube de dirigentes que vem e vão é, no mínimo, pura ignorância. Parabenizar o clube que o projetou para o futebol, pelos seus 105 anos de existência, não é mesmo uma obrigação. Mas seria um gesto de carinho para quem o alvinegro da Vila Belmiro realmente pertence: seus torcedores. Os quais, aliás, não acredito que irão idolatrá-lo da mesma forma a partir de agora.
Que venha a público, então, nos fazer saber da “história por dentro”.
Respeito a quem sempre gritou teu nome com verdadeira paixão, está acima de qualquer imbróglio judicial.
Lembrando que há pendências financeiras entre o clube e os dois “raios” anteriores, Pelé e Robinho. Nem por isso eles deixaram de manifestar o orgulho em fazer parte desta história. Afinal, não lhes falta humildade, apesar de grandes.

E que seja feliz no Flamengo, quando retornar.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Quem liga para a Primeira Liga?


A primeira liga a gente sempre esquece
Criada com o objetivo de “peitar” a CBF, no que se refere à independência para promover seu próprio torneio, a Primeira Liga hoje não passa de “mais do mesmo”. Digo “mais”, pois passou de 12 para 16 clubes, de um ano para o outro. Digo “do mesmo”, pois parece só servir para inchar ainda mais o já bem inchado calendário do futebol brasileiro. Afinal, os estaduais continuam aí e os nacionais também. Se a ideia era substituir algum, ela não deu certo.

Treinadores reclamam (e com razão) de ter que colocar em campo um time para jogar o estadual num dia e outro time para jogar a Primeira Liga no dia seguinte. Isso sem contar que grandes clássicos do futebol brasileiro acontecem com times reservas e dirigidos por seus auxiliares técnicos. Um torneio “sem sal”, que encerra sua primeira fase em abril, para reiniciar com as quartas de final em agosto, concorrendo com Libertadores, Copa do Brasil e Sulamericana. Lembrando que, como atletas não são máquinas, clubes com maior poder aquisitivo e grandes elencos podem até acabar sobrevivendo a tudo isso, pois têm reposição. Mesmo assim, pela questão do desgaste, pode ser um tiro no pé. Quanto aos mais humildes...

Então, para que serve exatamente a tal Primeira Liga? Quem sabe para os clubes faturarem com direitos de TV, pois a média de público nos estádios é baixíssima em jogos dos grandes contra os considerados pequenos. E mesmo nos clássicos, não chega a empolgar. Atrativos de verdade, não há.

E por achar que o verdadeiro torcedor dá muito mais valor a um título estadual, sinceramente, me diga: você liga para a Primeira Liga?