segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tocando de letra

A Academia Brasileira de Letras é uma entidade formada em sua grande maioria por anciãos que não tem nada para fazer. Então eles se reunem para tomar chá (deve ser de cogumelo) e ficam bolando eventos absurdos. Não é possível levarmos a sério quem elege imortais da literatura os ilustres José Sarney, Marco Maciel e Paulo Coelho, concorda? E homenagear Ronaldinho Gaúcho, então? Pois ele foi. Colocaram o cara na maior saia justa.
Pouquíssimo à vontade, Ronaldinho aguentou a solenidade mostrando aquele sorriso que é inevitável. Não fazia a mínima ideia do que estava fazendo ali.
Para sacaneá-lo ainda mais, um jornalista pediu-lhe para apontar um livro inesquecível. E com a maior humildade  ele respondeu:
- Não tenho livro preferido, não é muito a minha, mas adorei a homenagem e vou pegar umas dicas com o pessoal aqui.
E para se sair bem, tocando de letra, como lhe é de praxe, criei um final feliz para o nosso craque. Outro jornalista pergunta:
- Ronaldinho, quem cobriu o Gregório de Matos?
- O mesmo cara que Castrô Alves.
Os presentes caem na gargalhada.
- E quem Castrô Alves, Ronaldinho?
- Foi o Machado de Assis.
O público vai ao delírio! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
- Mas como seguraram o Machado, Ronaldinho?
- Ora, Camões. É claro!
Êxtase total! Patrícia Amorim não consegue segurar e a urina corre solta. Vanderlei Luxemburgo fica sem ar. Marcos Vinicios Vilaça, presidente da ABL, está a beira de um enfarte. Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
E para fechar com chave de ouro, o craque dispara:
- Boa essa, né? Só que essa não é minha. Eça é de Queiroz!
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!

sábado, 2 de abril de 2011

Não tinha como eu não ser santista

Você já parou para pensar o que leva uma pessoa a torcer por este ou aquele time?
Eu, por exemplo, torço para o Santos porque cresci vendo de perto Pelé & cia em concentrações na chácara Nicolau Moran, no estádio Urbano Caldeira e na minha própria casa. Só lamento ter nascido com alguns anos de atraso e não ter aproveitado melhor esses momentos, como meus irmãos e irmãs aproveitaram.
Com cinco ou seis anos de idade, em plena tribuna de honra da Vila Belmiro, minha preocupação maior era comer o cachorro quente, tomar o refrigerante e tirar uns cochilos, que eram interrompidos a todo momento pelos gritos de gol. Enquanto eu sonhava, Zito, Mengálvio, Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe proporcionavam a privilegiados um dos maiores espetáculos da Terra. Tudo isso sempre ao lado daquele que me levava para tudo quanto era canto: meu saudoso pai.
Se ainda fosse vivo, ele completaria hoje 88 anos.
Ele se foi muito cedo, há 24 anos, deixando muita saudade.
Tinha personalidade forte e presença marcante, tanto que sonho com ele constantemente, como se ainda fizesse parte do meu dia a dia.
Lembro-me como era gostoso ouvi-lo contar as histórias e curiosidades sobre os jogos do Peixe no exterior. Resenha boa era o que não faltava.
Ele era um apaixonado que fez muito pelo Santos. Sofreu muito com o Santos. Amou muito o seu Santos.
Este vínculo precioso me fez santista. E é por estas e outras que tenho dois orgulhos que nem todos podem ter: ser alvinegro da Vila Belmiro e filho de Nestor Pacheco Júnior.